Muitos pais e profissionais estiveram presentes no sábado dia 14/09 na AMRIGS para 21ª Reunião de Pais, Familiares e Colaboradores promovida pelo Instituto Autismo e Vida com a presença das educadoras Katia Spíndola e Andréa Pereira, da psicopedagoga Nadja Favero e o testemunho pessoal de Giovani Ragazzon, que tem autismo e trabalha em uma multinacional. Na ocasião, os presentes receberam informações importantes sobre a inclusão de pessoas com autismo no mercado de trabalho e refletiram sobre a necessidade de que elas sejam incentivadas a desenvolver autonomia desde cedo.
A palestra de abertura foi conduzida por Katia Spíndola e Andréa Pereira, ambas com uma história de vida construída na prática do atendimento, assessoramento e apoio à inclusão de pessoas com deficiência na escola e no mercado de trabalho. Após um breve retrospecto histórico sobre a dura realidade que estas pessoas enfrentaram até se tornarem sujeitos de direito na sociedade atual, as educadoras trouxeram esclarecimentos sobre a abertura e inserção destas no mercado de trabalho quando o ciclo escolar se encerra e independente de ter sido concluído com sucesso ou não. Assim, com término da escola, há a necessidade de dar continuidade à vida social destes indivíduos na esfera produtiva. Ao alcançar a fase adulta, a pessoa com autismo anseia por também exercer uma atividade profissional.
Antes da existência de uma legislação específica, as empresas empregavam prioritariamente pessoas com deficiências físicas, e, em menor número, pessoas com deficiência intelectual. Agora, o espaço para o profissional com autismo também está se ampliando. Há iniciativas desse gênero acontecendo em alguns lugares do Brasil agora que a lei 12.764/2012 garante à pessoa com autismo os mesmos direitos que qualquer pessoa com deficiência.
As palestrantes foram brilhantes ao conduzir os familiares presentes à reflexão sobre a autonomia, entre outros tópicos importantes. A autonomia que nem sempre significa independência, mas uma autonomia compartilhada, uma interdependência que beneficia a todos e torna tudo mais fácil. Afinal, sentir-se competente e capaz favorece esta capacitação para o mundo do trabalho além de trazer felicidade para a pessoa e facilitar a vida da família. Estas habilidades devem ser desenvolvidas ao longo da vida – um trabalho de base que deve iniciar pela família. Assim, a tendência à superproteção pela família é, na verdade, uma armadilha a ser evitada.
Com imagens, relatos de experiências e o compartilhamento da fala, Katia e Andréa fizeram com que os minutos passassem sem que percebêssemos, por toda a riqueza do que compartilharam e pela atuação de ambas nesta causa.
Após um breve intervalo, contamos com a participação de
Giovani Ragazzon, que recebeu o diagnóstico de autismo há cerca de três anos em
meio às avaliações para o diagnóstico de seu filho Josué, hoje com 6 anos e
também no espectro. Giovani é formado em Ciências da Computação (PUC/RS) e
funcionário bem sucedido de uma multinacional. Compartilhou com os presentes a
forma única com que se posiciona na sua função e os desafios que enfrenta
frente a suas peculiaridades enquanto pessoa com autismo.
Giovani também exemplificou a gama de possibilidades e potencialidades de características comuns no autismo para
a vida profissional. Ressaltou o quanto tem sido rica sua experiência
profissional atual e como seus colegas de trabalho, por iniciativa própria, o
auxiliam para que os desafios sejam superados e as adequações sejam feitas.
Dessa forma, ele tem conseguido render ainda mais na empresa. Ele salientou que
nos muitos empregos em que já esteve, sempre percebeu a grande diversidade dos
indivíduos e como, cada pessoa, com autismo ou não, tem habilidades e
dificuldades particulares. “Sim, somos todos diferentes, mas quem disse que a
gente tem que ser igual?”. Com esta frase encerrou sua participação emocionando
a todos.
Mais um encontro na AMIRGS promovido pelo IAV |
A reunião foi encerrada com a participação de Nadja Favero,
psicopedagoga, que trabalha atualmente no assessoramento ao projeto de inserção de
jovens com autismo no mercado de trabalho em parceria com o SENAC-RS, o
Ministério Público do Trabalho e a Superintendência do Trabalho e Emprego no
RS. Com simpatia e objetividade, Nadja discorreu sobre as
inserções em nossa região e deixou a todos muito animados ao compartilhar os
benefícios da presença da pessoa com autismo nos ambientes de
trabalho. Nadja vem há anos desenvolvendo também a assessoria em inclusão
escolar e percebe que esta representa ainda um desafio maior às famílias do que a
inclusão no mercado de trabalho. A empresa oferece funções variadas e espaços
diversos para a pessoa com autismo e os adultos trabalhadores são ainda mais
compreensivos e receptivos do que podemos imaginar. Além de ressaltar que este
é um espaço que só tende a aumentar, em decorrência da legislação que obriga as
empresas com mais de 100 funcionários a incluírem trabalhadores com
deficiência, também reforçou o que foi dito por Katia e Andréa na primeira
parte da reunião, que as famílias desenvolvam o quanto antes a autonomia de
seus filhos, pois há espaços na diversidade de funções no mercado de
trabalho para pessoas com autismo em seus mais variados graus de funcionamento.
Na foto: Airto, Claudia, Giovani, Nadja e Marilene |
Fica a nossa gratidão a Andréa e Katia, Giovani e Nadja!
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