08/04/2011

Movimento Autismo & Vida participa de Sessão Temática na Câmara de Vereadores de Porto Alegre no dia 31 de março.

Alessandra Araújo Gudolle, membro do Movimento Autismo & Vida, mãe de duas crianças autistas que tiveram a matrícula recusada em escolas de Porto Alegre, ocupou a tribuna da Câmara Municipal no período de Comunicações Temáticas de 31 de março para divulgar a realização do Dia Mundial de Conscientização pelo Autismo (2 de Abril), decretado pela ONU. Representante do Movimento Autismo & Vida, que reúne 20 famílias, Alessandra disse que, com informação, acolhimento e intervenção especializada precoce, é possível promover a inclusão escolar dos portadores desse transtorno de desenvolvimento que afeta a comunicação.

A palestrante citou a vivência com os filhos para frisar a importância da intervenção precoce em caso de autismo. Contou que Júlia, sete anos, e Eduardo, três, têm autismo em graus diferentes. Júlia apresenta a forma leve, sempre esteve em escola regular e hoje, depois de acompanhamento especializado, fala normalmente e consegue se posicionar em sala de aula. Eduardo é portador da forma moderada de autismo, caracterizada pela não-verbalidade. “Mas, com a intervenção precoce, ele pode se tornar verbal”, enfatizou.

O autismo se manifestou nos filhos por volta dos dois anos de idade, conforme relatou Alessandra, segurando um bebê de brinquedo. No caso de Júlia, a mãe notou que a filha não atendia a seus chamados e parecia se isolar do mundo quando brincava. O laudo de Júlia, porém, levou quase cinco anos para ser fechado. Por isso, segundo Alessandra, é fundamental que os pais observem seus filhos e busquem ajuda ao primeiro sinal. De acordo com ela, às vezes uma criança muito inteligente, mas com muita dificuldade de fazer amigos e de se posicionar pode ser portadora de autismo.

Para tentar atenuar as dificuldades de atendimento especializado, uma das metas do Movimento Autismo & Vida é criar um instituto para capacitar pessoas a lidarem com autistas. “Os médicos, por exemplo, têm de se especializar no Exterior”, exemplificou Alessandra. Muitos professores também não sabem como vão atender os alunos autistas. “Não seremos um final feliz, mas queremos ser um caminho”, afirmou.

Alessandra garantiu que, apesar das negativas recebidas, foi possível promover a inclusão escolar dos filhos. Eduardo, por exemplo, fica contente de ir à escola, é bem quisto pelos colegas e o primeiro a correr para dar a mão à professora. As outras crianças não discriminam, segundo Alessandra. “A discriminação, geralmente, parte de alguns gestores escolares, que promovem palestras sobre bullying, mas fazem bullying, e estão mais preocupados com o desempenho da escola no Enem.” Alessandra lamentou que a inclusão escolar seja uma lei não cumprida. “Dispensar um olhar acolhedor sobre essas crianças seria a melhor saída”, disse.

Fonte: Site Câmara dos Vereadores de Porto Alegre.

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